"Architectural deception"

1 - OMA’s Winning “The Plaza at Santa Monica” Entry
2 - Digital Deception
3 - Álvaro Siza - Expo '98 Portugal Pavilion

 

PT_

Três links retirados do infinito mundo da Internet.

O primeiro mostra imagens de concurso de arquitectura, típicas, genéricas (peço desculpa pela punhalada, Rem, mas no caso a expressão tem mesmo um cunho negativo).

O segundo apresenta imagens de edifícios inexistentes, manipuladas até à dúvida fundamental que o fotorrealismo introduz - será verdade ou não?

O terceiro mostra como a imagem de arquitectura pode transformar um edifício que já existe num render de concurso, como o primeiro exemplo.

O tema é recorrente no âmbito do actual pensamento sobre arquitectura: as imagens, a sua abundância e poder manipulativo. Nada de novo, portanto. No entanto, é interessante apontar que o tema tem uma particular e renovada pujança, que deriva da origem dos novos textos que sobre ele se debruçam.

O cepticismo e a resistência à "cultura da imagem", ou à cultura da representação da arquitectura como factor cuja prioridade se sobrepõe à da arquitectura em si, não são estranhos aos meios académicos dos países "periféricos", nomeadamente Portugal. A abundância raramente é a norma nestes contextos, e os motivos que impulsionam o combate à hegemonia da imagem da arquitectura também não se verificam à mesma escala em Portugal ou nos Estados-Unidos, naturalmente.

O carácter cíclico destes processos críticos é natural, e estabelecer onde estes começam, recomeçam ou se extinguem é no mínimo polémico, normalmente tendencioso e não raramente impossível.

Mas não deixa de ser irónico, ainda que natural, que a pertinência do tema comece a ser alargadamente reconhecida no momento em que atinge o seu ponto de saturação não nos locais periféricos mas sim nos contextos economicamente centrais. O mediatismo da renovada corrente de pensamento que questiona a prioridade da imagem sobre o conteúdo (ou as consequências que isso tem no ensino da arquitectura e na sua qualidade, como no caso específico do Reino-Unido, em que essa preocupação está na ordem do dia) advém dessa saturação, desse beco fechado em que a novidade (ou a "reinvenção") se afigura habitual e viciosamente como caminho único para fazer a "máquina" avançar.

A "descrição como nova excentricidade" (um tipo de designação gentrificada típica do mundo da moda ou das artes em período de crise de identidade), está portanto a chegar, com pompa e autoridade.

Mas não esteve sempre presente?

EN_

Three links from the infinite world of Internet.

The first one shows images from an architectural competition, typical, generic (I'm sorry for this stab, Rem, but in this case the expression has indeed a negative connotation).

The second presents images from non-existing buildings, manipulated until the fundamental doubt introduced by photorealism - is it true or not?

The third one shows how image in architecture can transform an existing building into a competition render, as in the first example.

The theme is recurrent in today's field of architectural thinking: images, their abundance and manipulative power. Nothing new, then. However, it is interesting to notice the subject is gaining a particular and renewed momentum, due to the origin of the texts about it.

The skepticism and resistance to the "culture of image", or the culture in which the representation of architecture is often more important than architecture itself, is not at all foreign to the academic field within "peripheral" countries, namely Portugal. Abundance is rarely the norm in these contexts, and the reasons which fire up the combat against the hegemony of architectural image naturally don't occur in the same scale, for example, in Portugal or in the United States.

The cyclical character of these critical processes is natural, and establishing the point where they start, restart or extinguish is at least controversial, usually biased and often impossible.

But it is ironic, although natural, that the pertinence of this subject gains widespread recognition as it reaches its saturation point not in peripheral places but in economically central contexts. The media attention of the renewed current of thought which questions the priority of image over content (or the consequences in architectural education and its quality, for example in the U.K., where this matter is on the agenda) comes from this saturation, from this closed alley where novelty (or "reinvention") is the habitual and vicious way to make the "machine" move forward.

The "discretion as new eccentricity" (a type of gentrified denomination typical of the world of fashion or the arts in a period of identity crisis) is, therefore, being ushered in, with pomp and authority.

But wasn't it always present?

Image sources from the mentioned links.

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Parabéns ao ImaterialArquitectura pela abertura e clareza com que aborda este tema tão polémico e actual. De facto, torna-se difícil discernir o que é a "causa" e o "efeito" nesta matéria, entre o fascínio pela imagem e a conjuntura económica.

Particularmente pertinente é o resultado desta combinação: uma produção arquitectónica materializada em cartazes fantasiosos tanto quanto aos edifícios ilustrados, como à possibilidade de serem efectivamente construídos.

Cumprimentos cordiais,

playtimeplace